

CURSO LIVRE
Introdução ao partimento e improvisação histórica
Para a comunidade brasileira e falantes de português ao redor do mundo, oferecemos um novo curso em grupo! As inscrições estão abertas!
Clique aqui para inscrever-se!
Você já se perguntou como os compositores do passado aprenderam sua arte?
Partimento é o nome dado ao principal dispositivo pedagógico utilizado nos séculos XVIII e XIX para o ensino prático da composição e teoria musical. Tendo florescido nos conservatórios napolitanos setecentistas, partimentos eram lições escritas em uma linha de baixo cifrado que deveriam ser realizadas ao teclado (cravo, órgão ou piano) de modo a soarem como uma composição real. Por meio do estudo de dezenas dessas lições, se adquiria fluência na improvisação, uma vez que se aprendia diversos padrões (esquemas) típicos da linguagem musical do período. Dessa forma, harmonia e contraponto eram estudados via improvisação, estimulando-se variar, recombinar, e concatenar esses padrões de inúmeras maneiras.
No século XIX a tradição napolitana ganhou nova força no Conservatório Paris, permanecendo como ferramenta didática central até o começo do século XX. Embora com outros nomes, partimentos eram utilizados também em diversos países, de modo ser correto afirmar que lições dessa natureza constituíram o cerne do treinamento de músicos tão diversos quanto Bach, Handel, Pergolesi, Bellini, Chopin, Fauré ou Debussy.
Mas afinal, o que é um Partimento?
O estudo do partimento está intimamente ligado ao estudo do baixo-contínuo. Um partimento constitui-se geralmente por uma linha de baixo escrita (muitas vezes com cifras), a qual deve ser tocada pela mão esquerda do tecladista, enquanto a mão direita improvisa uma textura polifônica ou melódica. Um exemplo de um verseto (pequeno partimento) de Stanislao Mattei e sua realização pode ser vizualizado clicando-se aqui.
Além de padrões de harmonia e contraponto, muitos partimentos eram compostos para praticar-se diversos elementos típicos de estilos específicos, como aquele galante (ver vídeo com partimentos de Francesco Durante), teatral ou até mesmo fugas (ver vídeo com partimento de Nicola Sala). No caso de partimentos em forma de fuga, muitas vezes apresentam outras claves para indicar entradas de sujeito em vozes superiores. Handel compôs diversos partimentos-fuga, assim como há um manuscrito atribuído ao círculo de J.S. Bach com lições dessa natureza.
Partimento hoje?
Por muitas vezes no século XX o ensino tradicional da teoria musical se distanciou da prática, sendo essa a razão para o estudo da harmonia e contraponto ter se tornado algo árido e pouco estimulante à criatividade. Acreditamos que a redescoberta nos últimos anos da tradição de partimento e sua adaptação e aplicação nos dias de hoje tem o potencial de dar ao músicos maior domínio da linguagem musical ocidental de séculos passados – bem como da música tonal em geral, já que muitos esquemas dessa tradição continuam presentes na música popular atual. Além disso, o estudo de partimento supre uma lacuna comum na educação para a com ênfase na música de concerto, dando aos músicos a oportunidade de desenvolver habilidades de improvisação em geral, capacitando-lhes a preludiar, improvisar ornamentos, bem como compor com mais agilidade.
O impacto das recentes pesquisas musicológicas a esse respeito é visível no exterior, sendo que o estudo prático da teoria musical por meio de abordagens historicamente inspiradas na tradição de partimento é uma realidade em instituições internacionais de renome como a Schola Cantorum Basiliensis (Suiça) ou o Conservatório de Amsterdã (Holanda), assim como está na pauta de reformulações curriculares em diversas universidades norte-americanas. No Brasil, isso tudo ainda é bastante incipiente e, por essa razão, procuramos oferecer um curso introdutório em língua portuguesa de qualidade e acessível economicamente à comunidade brasileira.
Público alvo:
- Músicos em geral, especialmente pianistas, cravistas e organistas, independentemente do nível de formação: profissionais, amadores ou estudantes... todos são bem-vindos!
- Instrumentistas, compositores, regentes e professores que busquem um maior aprofundamento, domínio e fluência para lidar com a música dos séculos XVIII e XIX, bem como aprender fundamentos da composição e improvisação.
Pré-requisitos
- Leitura de notação musical (Clave de Sol e de Fá)
- Conforto mínimo para tocar instrumentos de teclado
(equivalente ao Caderno de Ana Magdalena Bach)
Obs: O material do curso foi planejado para ser tocado em instrumentos de teclado. Entretanto outros instrumentistas também são bem-vindos e poderão tirar proveito do curso, mas terão que estar abertos a adaptar certas partes do material a seus próprios instrumentos. Para dúvidas a esse respeito, entre em contato.
Estrutura e valores
- 12 aulas online em grupo via ZOOM.
- Quartas-feiras de 12/03 a 28/05 da 19h00 às 21:30.
- Material de estudo especialmente preparado para o curso.
- Quantidade mínima para formação do grupo: 5 pessoas
- Investimento: R$ 1440,00 ou 3 parcelas de R$ 480,00 (Equivalente a R$ 120 por encontro). Entre em contato com Roberto ou Vinicius caso precise de desconto.
Ementa do Curso
Objetivos e Metodologia
O curso busca apresentar de maneira prática a abordagem pedagógica dos partimentos por meio do estudo de esquemas de contraponto fundamentais da linguagem musical dos séculos XVIII e XIX de modo a desenvolver no aluno as capacidades de: realizar partimentos por conta própria; improvisar e compor pequenas peças utilizando schemata; reconhecer auditivamente os esquemas estudados e identificá-los no repertório, além de construir um vocabulário útil ao exercício da análise musical.
Nossa metodologia é historicamente inspirada e prioriza um engajamento prático com o conteúdo a partir da assimilação de esquemas pela audição e imitação; do estímulo à criação de diminuições e variações sobre os padrões; da realização em aula de partimentos oriundos de fontes históricas e de nossa própria autoria; da prática de improvisação a partir de estruturas prévias; e de exercícios de criação com interação entre os alunos.
Conteúdo Programático
-
Notação de baixo cifrado/partimento
-
Princípios básicos para realização de partimentos
-
Consonâncias e dissonâncias no contexto dos séculos XVIII e XIX
-
Contraponto em 3ªs e 6ªs
-
Cadências melódicas (cantizans, tenorizans, basizans e altizans) e suas propriedades contrapontísticas
-
Cadências de partimento: simples, composta, dupla e de engano
-
Movimentos de baixo sequenciais: Romanesca; sequências 7-6 e 2-3; Ciclo de 5ªs; etc.
-
Outros padrões de Schemata: Prinner, Fonte, Monte, Do-Re-Mi, etc.
-
A Regra da 8ª e seus módulos cadenciais
-
Padrões de contraponto duplo e imitativo
-
Improvisação de minuetos simples a 2 vozes
Professores:
Roberto Cornacchioni Alegre: Doutorando e Mestre em Música pela Universidade de São Paulo (USP), Roberto possui uma formação musical ampla que inclui estudos em piano, cravo e órgão. Dedica-se há vários anos ao estudo improvisação, composição e teoria musical dos séculos XVIII e XIX sendo orientado por algumas das maiores autoridades no assunto hoje: estudou partimento e contraponto prático com Peter van Tour (Suécia), improvisação histórica com Michael Koch (Alemanha) e Tobias Cramm (Suiça), solfeggio hexacordal italiano com Nicholas Baragwanath (Inglaterra), bem como composição em estilos históricos com Nicola Canzano (EUA).
Sua pesquisa atual tem como foco a pedagogia da improvisação pianística na primeira metade do século XIX na Polônia e na França enquanto sua pesquisa de mestrado foi dedicada à didática musical napolitana do século XVIII, a qual resultou inclusive na produção de uma tradução comentada das Regras de Partimenti de Giovanni Furno. Desde 2020 oferece aulas online de partimento e contraponto prático, colaborando para a formação de músicos não apenas do Brasil, mas também da América do Norte, Europa e Austrália.
Vinicius Jordão: Doutorando, Mestre e Bacharel em Música pela Universidade de São Paulo (USP) e Mestre em Técnica e Biomecânica Pianística (ESMAR - Espanha), Vinicius possui mais de 10 anos de experiência com ensino de piano e música nos mais diversos contextos. Sua atuação profissional diversificada como professor, performer, pianista colaborador e pesquisador, bem como seu conhecimento de diferentes gêneros e estilos musicais da música clássica e popular fazem dele um músico versátil capaz de trabalhar com as demandas de diferentes perfis de músicos.
Vinicius se dedica há muitos anos ao estudo da abordagem dos partimentos integrando-a a seu método pedagógico. Estudou improvisação histórica com Michael Koch (HFM Detmold - Alemanha), participou de encontros internacionais dedicados ao tema (MentiParti - Basileia, Suiça), publicou artigos sobre o assunto em congressos brasileiros e atualmente pesquisa em seu doutorado a improvisação histórica a partir da perspectiva dos Estudos de Performance e da Ludicidade.
CONTATO E INSCRIÇÕES
Para inscrever-se, preencha o formulário:
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfVvBGXcc3jpHEYoa-Racmu4_EV1_hUuuq1iobXZv-tYu1qkQ/viewform
Para dúvidas entre em contato com um dos professores:
Roberto - roberto.alegre@usp.br
Vinícius - viniciusmj@gmail.com